Religiosidade é o fenômeno no qual estabelecemos uma relação entre o humano e o espiritual, algo que pode ser considerado pessoal, particular, mas que também se manifesta por meio de atitudes coletivas. Nas quais se demonstra a crença em idéias ou ensinamentos religiosos, através da prática de costumes deles originados ou a eles direcionados.

Um fenômeno próprio do ser humano que, como não podia deixar de ser, se faz presente em nosso meio e, aliás, de forma bem marcante em nossa Riomafra, onde algumas de suas demonstrações constituem-se em verdadeiras tradições populares. Demonstrações de fé que ocorrem periodicamente ou mesmo no dia-a-dia, de forma individual ou coletiva, algumas vezes silenciosas e discretas e outras ruidosas em meio a multidões.

Nesta semana, comemorações realizadas tanto em Rio Negro quanto em Mafra, nos dão mostras da força da religiosidade da nossa gente, eventos tradicionais, passados de geração a geração, que reúnem grande número de pessoas na realização de atividades religiosas e festivas, que homenageiam santos padroeiros do catolicismo: São Lourenço, na localidade mafrense que leva o mesmo nome e, o Senhor Bom Jesus da Coluna, em Rio Negro.

Berço de Riomafra e mais populosa localidade do interior mafrense, o São Lourenço, não representa somente o marco inicial da abertura da Estrada da Mata, rota de tropeadas ou mesmo colônias de imigrantes aqui instaladas, mais do que isso. Quando falamos em religiosidade aqui em nossa terra, é lá, no local que leva o nome desse mártir cristão, que podemos dizer, as demonstrações de nossa religiosidade tiveram início.

No abarracamento do São Lourenço, nas instalações que abrigavam os trabalhadores responsáveis pela construção da estrada da Mata, na década de 1820, foram realizadas as primeiras demonstrações religiosas em solo que viria a constituir nossas cidades. Região onde São Lourenço, o Santo cujo nome foi emprestado à localidade que por muitos anos havia sido chamada de “Curralinho”.

Já na década de 1930 contava com uma sólida e imponente capela. Um local que, centralizando as demonstrações coletivas de religiosidade da comunidade, passou a reunir (a exemplo de que veremos neste sábado, 11 de agosto) uma impressionante quantidade de pessoas por ocasião das comemorações e festividades em honra ao dia de seu padroeiro.

No outro lado do rio Negro, as festividades do Senhor Bom Jesus da Coluna atingem este ano a sua 121ª edição, na talvez mais antiga demonstração de religiosidade que temos em nossa terra. Uma tradição que remonta aos primórdios do próprio município de Rio Negro e, que por algum tempo, devido a formação histórico/político/geográfica de nossos municípios (a qualidade de “cidades irmãs”), podemos dizer que já representou a comemoração de um mesmo padroeiro em ambas as margens do rio.

Dois padroeiros, duas cidades, duas grandes festividades numa mesma semana (06 e 11 de agosto), que mostram um pouco da história da religiosidade dos riomafrenses, que embora, pertencendo a municípios diferentes, compartilham como um mesmo povo, das mesmas tradições, pois acreditar que a devoção ao Senhor Bom Jesus da Coluna ou à São Lourenço (e mesmo a participação nas atividades em suas homenagens) é algo exclusivo a um ou outro lado do rio Negro, seria no mínimo sinal de desinformação.

Procissão Bom Jesus

Antiga Capela de São Lourenço

Bom Jesus em 1912

Bom Jesus em 1918