Homenagear pessoas ao conceder o seu nome a um determinado espaço público, como uma rua, uma praça, um prédio ou uma escola é algo bastante comum, que podemos ver em nosso dia-a-dia.

Essa homenagem, por consequência, perpetua o nome do homenageado, “geralmente” uma figura ilustre (ou mesmo grupos, acontecimentos e suas datas), já falecida e conhecida no município, na região, no país ou até internacionalmente.

Com o passar dos anos e principalmente das gerações (e a manutenção daquela mesma denominação, é claro), a familiaridade da população local com a figura de muitos daqueles homenageados diminui bastante, afinal, a sua distância no tempo passa a ser grande. Simultaneamente, essa mesma familiaridade com o espaço público aumenta, num curioso processo onde o nome se mantém conhecido, porém agora não mais ligado diretamente ao seu proprietário original (o homenageado), mas sim ao espaço que hoje denomina (a rua, a praça, o prédio, a escola, etc.)

Dessa forma, talvez você algum dia já tenha parado por algum instante e se autoquestionado sobre “quem foi” aquela figura que empresta o nome àquele local público tão comum ao seu dia-a-dia e, caso não o fez, é bem provável que vá fazê-lo mais tarde, porque num processo bem fácil de se imaginar, os nomes de figuras bem conhecidas por nossa população no passado e que passaram a denominar instituições públicas, acabam por consequência a ser “corporificados” àquilo que representam, ou seja, hoje estão mais vinculados (na mente da população) à instituição (a rua, a praça, o prédio, a escola, etc.) do que aos seu “dono” original.

Casos que são bem comuns no país inteiro e também em nossas cidades e que quando olhados com um pouco mais de atenção, revelam não só personagens que foram importantes às nossas cidades como também interessantes fragmentos da nossa própria história:

Como o nome de Ovande do Amaral (uma personalidade bem conhecida e atuante em nossa sociedade até a metade do século passado), que hoje traz logo à mente a imagem do “Colégio Estadual “Dr. Ovande do Amaral”, estabelecimento de ensino localizado no bairro Bom Jesus em Rio Negro, que foi criado na década de 1950 com a denominação inicial de “Grupo Escolar de Restinga”.

O Dr. Ovande Ferreira do Amaral e Silva, nasceu aqui mesmo em Rio Negro no ano de 1900, filho de Joaquim Ferreira do Amaral e Silva, figura também bastante conhecida na época, que, entre outras atividades, foi camarista, presidente da câmara, deputado estadual, vice-presidente do estado e prefeito do município.

O título de Doutor vem da medicina, cursada na Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná e concluída na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e exercida a partir de 1923, com o retorno a terra natal, onde, além de seu consultório particular atuou como médico no Hospital Bom Jesus; na maternidade do município, da qual também foi diretor; e na Associação de Socorro dos Empregados da Linha Ferroviária do São Francisco.

Médico e também político, participou do movimento revolucionário de 1930, integrando o Comitê da Aliança Liberal de Rio Negro, Mafra e Itaiópolis. Movimento que, em âmbito nacional levou Getúlio Vargas à Presidência da República e que, por consequência, provocou a intervenção federal em vários estados, nos quais novos governadores e prefeitos foram “nomeados” pelo governo, como o ocorrido em Mafra com José Severiano Maia, e também em Rio Negro com Joaquim Ferreira do Amaral e Silva (pai do Dr. Ovande).

Vida política que foi além da participação no processo revolucionário de 1930, pois Ovande seria anos depois deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná, onde, integrando a Mesa Diretora da Casa (1935 a 1937), período onde chegou a exercer a presidência da Assembleia em algumas oportunidades

Uma vida profissional e política tão movimentada quanto biologicamente curta, pois aos 43 anos (em julho de 1943), o Dr. Ovande do Amaral faleceria, emprestado anos mais tarde, seu nome ao Colégio que hoje não só o ostenta, lhe servindo de homenagem, como com certeza orgulha o seu patrono.