Existem alguns costumes que possuem uma incrível capacidade de adaptação demonstrada ao longo do tempo, principalmente aqueles costumes que possuem relação direta, com algum aspecto ligado à satisfação de necessidades humanas, sejam elas físicas ou mentais.

Dentro da ideia de necessidade humana, acredito que o “lazer” (com exceção àqueles que acreditam que “trabalho” é um sinônimo quase que inclusivo da “vida”) é algo extremamente necessário à nossa saúde, em quaisquer de seus aspectos e, por assim ser, necessária a nossa sobrevivência em boas condições.

Se hoje a praça João Pessoa, em Rio Negro, é uma boa opção para o lazer de nossas famílias nos domingos à tarde, que aproveitam as horas de sol e calor tomando seu chimarrão, comendo sorvete, brincando com as crianças no parquinho, calçadas e gramados, assim como conversando sem compromisso. Esse local de encontro riomafrense não foi sempre tão frequentado quanto atualmente, tendo, em outros tempos, dividido a preferência das pessoas com outras áreas de nossas cidades.

Além de passear na casa de parentes e amigos, promover almoços e outros tipos de reuniões de confraternização, ou ainda a praticar modalidades esportivas, outra opção de lazer em família, lá da metade do século passado, ainda pode estar presente na lembrança de muitos riomafrenses, como algo simples, barato, acessível e agradável, principalmente durante o verão.

Pode até soar (de certa forma) estranho, para aqueles que não viveram ou mesmo ouviram falar dela, mas o rio da Lança já foi uma ótima opção de lazer para o final de semana. Não para a realização de pesca e também não em sua extensão total, mas apenas em um curto trecho próximo ao centro de nossas cidades.

Pode ser que você nunca tenha notado, mas quem passa pela ponte sobre o rio da Lança, existente próxima à igreja Ucraniana, e presta atenção ao rio, ainda pode ver, uma das coisas que faziam daquele lugar, um local atraente aos olhos dos riomafrenses a cerca de 50 anos, a existência de pedras e pequenas quedas d’água.

Um local cujo diferencial em relação aos outros lugares de lazer da época, era formado por um conjunto de componentes. Além das quedas d’água; a menor urbanização da cidade daquela época, que fazia dali um ambiente mais amplo, espaçoso e natural; o gramado próximo à margem; o barulho e a beleza das águas do rio. O cenário era também composto por um antigo engenho de erva mate e uma roda d´água em constante movimento, tudo muito próximo ao centro da cidade.

Com um visual destes não é difícil de imaginar porque famílias dirigiam-se para lá aos domingos, onde além de apreciar a paisagem, tomavam banho de rio, descansavam e faziam piquenique, num programa alegre e descontraído, digno de ser guardado na lembrança das pessoas e inclusive em fotografias, não tão comuns naqueles tempos quanto hoje.

Local de lazer, que apesar de ter persistido por décadas, foi aos poucos sendo abandonado, seja por alterações da paisagem natural do lugar, cada vez mais urbanizado e pela ocorrência dos problemas decorrentes dessa urbanização, seja por questões de assoreamento, que para alguns, diminuiu o espetáculo das águas, ou ainda, pelo surgimento de outros atrativos de lazer na cidade, caindo assim em uma situação de esquecimento.

Seja no rio da lança nas décadas de 1940, 1950 ou 1960, seja na praça João Pessoa em 2013, ou qualquer outro lugar não menos importante, o fato é de que as famílias riomafrenses, apesar de desfrutarem naturalmente de atrativos de outros municípios, sempre procuraram aqui, um local para lazer, que, embora mude na preferência das pessoas o longo do tempo, por questões de desenvolvimento urbano, questões naturais ou mesmo de perfil das novas gerações, serve para divertir, descansar e espantar o stress da cansativa rotina do dia-a-dia, renovando o ânimo e a alegria da nossa população.